Caracterização química de partes comestíveis não convencionais de frutos de pitayas cultivadas por agricultores familiares em Campo Grande, Mato Grosso do Sul

Resumo

A utilização de partes comestíveis não convencionais de plantas, normalmente desprezadas, poderia ser de grande importância em relação à obtenção de nutrientes necessários para uma dieta saudável. Um exemplo de um fruto que tem essas partes desperdiçadas é a pitaya (Selenicereus spp.). Dessa forma, objetivou-se realizar a caracterização química das cascas, bem como o doseamento de compostos fenólicos e flavonoides, com frutos coletados em áreas de agricultura familiar, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A análise biométrica das cascas realizou-se por meio de 14 exemplares por amostra, avaliando massa fresca, massa seca e espessura das cascas. Extratos foram submetidos à análise fitoquímica, com o objetivo de indicar a presença ou ausência de metabólitos secundários. Os resultados da análise biométrica destacaram S. undatus casca vermelha e S. costaricensis, por possuírem as maiores médias em todas as variáveis. A fitoquímica indicou um número significativo de metabólitos secundários com atividade biológica benéfica à saúde humana, com destaque para os compostos fenólicos e flavonoides. Entretanto, nem todas as cascas poderiam ser consumidas, pois, algumas apresentam frequência positiva parcial ou alta de heterosídeos cardiotônicos ou fortemente positiva de saponinas. Sendo assim, a espécie com maior potencial de uso de suas cascas seria Selenicereus megalanthus, com baixos teores de heterosídeos, taninos e ausência de saponinas, embora com pequena produção de matéria fresca ou seca. Ao final, levando-se em consideração a probabilidade de encontrar frutos com concentrações inadequadas de metabólitos que podem causar problemas, não seria recomendado seu consumo.